Caminhos do Imperador - 245 km

O que é o Caminhos do Imperador?

Quando D. Pedro II, no ano de 1859, foi a Alagoas participar de uma expedição, ele estava, em outros tempos, exercendo o seu lado radical e aventureiro. Adentrar o sertão subindo o rio São Francisco de barco e algumas partes a cavalo, numa região ainda repleta de indígenas e muito pouco explorada, era certamente um feito para poucos corajosos. Nosso último monarca registrou através de desenhos e um diário detalhes riquíssimos sobre a natureza, o povo e a vida daquela região, os quais ousamos redescobrir revivendo esta incrível aventura em cinco dias. Desta vez, o formato seria uma expedição cicloturística, munidos de minimalistas alforjes com itens indispensáveis sobre nossas Mountain Bikes. Que tal?


Localização

Os Caminhos do Imperador é uma rota cicloturística histórica às margens do Rio São Francisco, em Alagoas.
 

Estrutura

Ainda não há um infra-estrutura pré determinada, ou seja, nenhuma sinalização de rota. Existe apenas GPS. Portanto, o roteiro poderá se idealizado de acordo com o condicionamento de cada um. 

Roteiro

Com aproximadamente 250 km, o caminho poderá ser dividido em 4 trechos.

DIA 1 - De Penedo a Porto Real do Colégio - 47 km



“O local é muito bonito. Creio que deverá estar aqui a capital da província”. Frase de D. Pedro II entre 14 e 15 de outubro de 1850, referindo-se a Penedo.

Sugestão de hospedagem: Hotel São Francisco

Penedo - com o seu casario antigo, igrejas e conventos barrocos, ladeiras de calçamento e vista privilegiada do rio São Francisco. 

Piaçabuçu fica 22 km antes de Penedo e tem um trecho de rodovia asfaltada entre os dois municípios. Após, há um breve trecho de asfalto onde pedala-se por entre as trilhas e estradões de barro que compõem o caminho entre as cidades visitadas pelo Imperador, a bordo do vapor Pirajá e em lombo de animais, caminho este reconstituído no ano de 2009, após 150 anos da expedição original, pelo herdeiro da família real, o príncipe D. João de Orleans e Bragança. A paisagem é muito bonita, com algumas áreas de mata atlântica preservada, plantações de cana de açúcar, pastagens de gado e, mais precisamente naquela região, lagoas e várzeas onde arroz é plantado. O primeiro trecho da viagem é razoavelmente plano, passa por alguns povoados (Mariseiro, Xinharé, Tapera, Barra e Castro), onde é possível encontrar água e lanches rápidos pra consumir durante o percurso. Tenha muito cuidado para se atravessar a ponte que separa os dois estados, pois ela é estreita, com tráfego de ônibus e caminhões, sem local apropriado para pedalar e a lateral, onde se poderia passar a pé, está com várias placas de cimento soltas, através das quais se avista o rio, muitos e muitos metros abaixo, durante esta travessia sinistra.

Sugestão de pernoite:

Cidade de Propriá, em Sergipe. Oferece melhores opções de refeições e acomodação. 
(Obs: existem restaurantes à margem da rodovia, logo após a passagem da divisa de estado, junto à ponte do “Velho Chico”, onde comemos uma deliciosa peixada de surubim num local simples com preço “honesto”).

DIA 2 - De Porto Real do Colégio a Traipú - 56,59 km


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“Apareceram-me bastante descendentes dos índios de raça já bastante cruzada trazendo alguns cocares de penas com seus arcos e flechas.” – Frase de D. Pedro II, em16 de outubro de 1859, referindo-se a Porto Real do Colégio.

Cruzarmos a fronteira do estado em mais uma perigosa travessia da ponte sobre o rio São Francisco, para então atravessarmos a cidade de Porto Real do Colégio, com a igreja matriz Nossa Senhora da Conceição e um pequeno porto fluvial. Logo na saída da cidade, pega-se um trecho de asfalto, que vai até a cidade de São Brás, passando por uma área denominada Tibirí, que recentemente teve grande valorização imobiliária, repleta de sítios e casas de alto padrão na beira do rio. A partir deste ponto, volta-se à trilha de barro e com a mudança de ecossistema adentra-se a região do agreste, com vegetação mais rasteira e presença de pedras no caminho, o que conferi às trilhas maior dificuldade técnica, singletracks com elevações, curvas rápidas e uma certa dose de adrenalina, principalmente se chover. Há vários povoados nos quais a descendência indígena mencionada por D. Pedro II pode ainda ser bastante observada, seja nas feições do povo local e na presença de diversas reservas naquela área. Vale ressaltar a beleza da Lagoa Comprida, que antecede o povoado de mesmo nome. Há um trecho de aproximadamente 1 km onde necessita-se atravessar as bikes com o auxílio de canoa motorizada, pois há um pequeno rio. 

Sugestão de pernoite:
Pousada Minha Casa, Sua Casa - uma espécie de hospedagem domiciliar, onde janta-se deliciosamente acompanhados da família que administra o estabelecimento.

DIA 3 - De Traipú a Pão de Açúcar - 70,93 km


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“Depois de orar na Matriz, fui dar um passeio às lagoas, onde plantam arroz e colhi diferentes plantas e flores do campo” – Frase de D. Pedro II entre 16 e 17 de outubro de 1859, em Traipú.

Todo este ar bucólico presente no diário do Imperador pode ser sentido na exuberância da paisagem que se descortina à medida que sai de Traipú em direção a Pão de Açúcar, chegando ao sertão. Lá, as pastagens e o gado dão lugar às cabras, à cana, aos cactos, às mangueiras frondosas e aos umbuzeiros com suas deliciosas frutas.
Este é o trecho mais difícil e penoso do percurso, com uma altimetria de aproximadamente 1.300 metros, apesar de não ter de fato de subir nenhuma grande serra. Ocorre que, apenas, não há nada plano! O rio São Francisco corre numa espécie de cânion e para se ter acesso a qualquer cidade nas suas margens precisa-se descer os morros, para somente depois termos que subir tudo de novo até o próximo povoado. 

Sugestão de almoço - Cidade de Entremontes, Tucunaré recém-pescado.

Sugestão de passeio - Ilha do Ferro, famoso por suas rendas e esculturas em madeira, ambos imperdíveis.

Neste trecho existem algumas subidas longas e bastante íngremes, para as quais o ciclista deve estar bem preparado fisicamente.

Dia 4 - De Pão de Açúcar a Piranhas - 60,85 km


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“Tirei uma vista à pressa do rio junto a Piranhas de Cima, através da grade de pau da janela do meu quarto, e depois dormi até o jantar.” – Frase de D. Pedro II, em 18 de outubro de 1859, em Piranhas.

Seguindo pela rua que beira o rio, repleta de mercados de peixe e feiras livres, onde se comercializa animais vivos como galinhas d’Angola, cabras e jegues. Algumas subidas intermináveis pela frente e se alcança um estradão de barro com superfície bastante irregular devido ao constante fluxo de veículos. A vibração contínua, aos poucos, se transforma em desconforto, para logo mais virar tortura. O que ameniza é o belo visual do rio lá em baixo. Além de estarmos seguindo os passos do Imperador D. Pedro II, mantem-se muito viva a história do Cangaço, pois do outro lado do rio, em Sergipe, existe a trilha da Grota de Angicos, onde Lampião, Maria Bonita e seu bando foram emboscados e mortos. Em toda esta região, de Pão de Açúcar a Piranhas, vale tirar uma prosa com os habitantes locais, muitos deles descendentes dos próprios cangaceiros, lendas vivas do sertão do nordeste. Chegando em Piranhas, cidade encrustada na beira de morros de pedra, às margens do rio São Francisco, já se sente um ar de que todo esforço valeu a pena, pois o local é muito bonito, bem cuidado, com ótima infraestrutura turística, boa gastronomia e de quebra pegamos um forrózinho pé-de-serra que acontecia na cidade naquela noite de São João. A cidade de Piranhas é um ótimo local para se encerrar a aventura, embora a expedição original do Imperador tenha continuado até Delmiro Gouveia e as cachoeiras rio acima (Paulo Afonso), que nem mais existem após a construção das hidrelétricas. Lá em Piranhas é onde se encontra mais conforto e amenidades para o merecido descanso depois de quatro dias ininterruptos de pedal. 

Sugestão de pernoite: Pousada O Canto (dono da pousada, Celso Rodrigues, profundo conhecedor da história do Cangaço com todos os seus meandros e detalhes. Uma verdadeira aula de história)

Sugestão de passeio em Piranhas: aproveite para conhecer a hidrelétrica de Xingó e subir por uma incrível trilha, toda em singletracks, por onde outrora existia a ferrovia que ligava Piranhas com o resto de Alagoas, hoje apenas lembrada pela belíssima estação ferroviária transformada em museu e uma “Maria Fumaça” em exposição, onde antes se iniciava a ferrovia.

Atravesse a ponte que liga Alagoas a Sergipe (Canindé do São Francisco), visite o lago acima da represa e retorne pela trilha do lado de Sergipe até a margem oposta à cidade de Piranhas. Ali, acene para uma canoa lhe atravessar pelo rio, que naquela região é bastante claro, fundo e com fortes corredeiras. 

Algumas Imagens:















Fonte
http://www.revistabicicleta.com.br/bicicleta.php?os_caminhos_do_imperador__rota_cicloturistica_historica_as_margens_do_rio_sao_francisco_em_alagoas.&id=4623347
http://pedalecologicope.blogspot.com.br/2015/06/caminho-do-imperador.html
http://www.sedetur.al.gov.br/sala-de-imprensa/noticias/2010/10/caminhos-do-imperador-completa-1-ano-de-lancamento
http://ateondedeuprairdebicicleta.com.br/caminhos-do-imperador-alagoas-um-roteiro-rico-em-historia-beleza/

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